Minicursos e Rodas de Conversa
MINICURSOS
1. As mutações do corpo em práticas pedagógicas para professores e educadores - Fernanda Roberta Lemos Silva e Henrique Leonardo Dutra - Unicamp.
O minicurso tem como objetivo apresentar algumas práticas e vivências que sistematizam a relação entre corpo e a prática docente contrapondo-se às práticas pedagógicas tradicionais baseadas nos paradigmas científicos positivistas da educação. Buscaremos colaborar com a discussão sobre o lugar do corpo no ensino-aprendizagem, campo este pouco valorizado e oferecido insuficientemente no âmbito da formação inicial e continuada de professores e educadores. Como objetivos específicos, o minicurso pretende promover um espaço de experimentação e de práticas corporais para docentes; ampliar o repertório dos docentes acerca de práticas corporais para a sala de aula; estabelecer o diálogo entre o corpo e diferentes linguagens no âmbito das artes da cena, artes corporais e da música (4) possibilitar que os participantes um espaço de experimentação do corpo e possam relacioná-lo com suas práticas docentes em diferentes territórios e contextos de educação formal e não formal.
2. Blocos de infância, as micropolíticas na educação infantil - Peterson Rigato da Silva, Giovani Cammarotae César Donizetti Pereira Leite - UNESP- Rio Claro.
A proposta é exercitar com o conceito de blocos de infância, inspirados na filosofia das diferenças de Gilles Deleuze, numa perspectiva do olhar para os espaços/tempos na pequena infância e pensar sensibilidades das professoras e dos professores em relação às micropolíticas produzidas nas relações entre e com as crianças pequenininhas e pequenas. Inspirados pelo poema de Paulo Leminski, perguntamos o que acontece no mínimo do máximo, na minoridade – ou minimalidade - que habita mesmo os espaços mais delineados. Que dissonâncias com relação ao esperado se efetuam? Que efeitos uma política do mínimo traz para pensar a pequena infância? Desdobrando tais questões, propomos colocar em jogo a problematização do processo de construção das culturas infantis e da produção de um currículo construído no chão da educação infantil e demarcado por um processo inventivo que se constitui por diferentes movimentos em que as produções marcam um mapa de intensidades, um lance que tange o que não se captura no cotidiano infantil.
3. Tecendo olhares: o despertar da narrativa - Maria Lucia Neves - contadora de história.
Sou contadora de histórias há 23 anos. Realizar oficinas e minicursos é o que mais me encanta, porque é a maneira que tenho de conhecer, me aproximar de pessoas e trocar experiências de uma forma mais íntima e afetiva. O que eu descobri com estes encontros é que somos todos contadores de histórias, desde que aprendemos a falar. Saber disso desmistifica a prática, mas, desenvolver esta habilidade amplia o pensamento, enriquece o universo imaginário e nos transforma como seres humanos. Esta habilidade pode ser desenvolvida a partir de muitas leituras, pesquisas e estudos deste universo mágico que é muito amplo, rico e infinito... Serão contadas histórias e os participantes terão um tempo para contarem suas histórias, trazer reflexões e identificar temas importantes para a definição do seu repertório. Considerando o tema deste 21º COLE, duas histórias árabes serão apresentadas e trabalhadas: “Os três surdos e o dervixe mudo” e “Os cegos e o elefante”.
4. Notas a partir do cinema africano e literatura afro-brasileira: uma proposta afinada para a prática docente - Raíssa Francisco dos Santos - Unicamp.
Este minicurso tem como proposta discutir sobre as culturas africanas e afro-brasileiras a partir de contos e do cinema. Analisaremos as representações do feminino presente nos contos literários, bem como a educação e sua relação com a cultura tendo como referência os estudos de gênero e a importância das mulheres e os seus papéis nas religiões de matriz africana. A ideia é focar na prática docente e na diversidade cultural, lançando o olhar sobre uma nova perspectiva de estudos e trabalhos nas instituições de Educação Básica. Os contos literários inseridos e narrados neste livro abarcam histórias de Orixás Yoruba que são representadas como princesas, calcadas num discurso engajado na política do empoderamento das identidades negras, procurando provocar as suturas psíquicas necessárias para que as crianças sejam capazes de encontrar o caminho pleno da vida, valorizando sua singularidade.
5. As potencialidades dos livros de imagens para a formação de leitores e autores na educação infantil e ciclo de alfabetização - Bárbara de Oliveira e Nilza Cristina de Araújo - UFMT.
Com o objetivo de contribuir para a compreensão da literatura infantil como arte e, em virtude disso, possuir uma força humanizadora na formação de crianças, jovens e professores propõem-se enfocar as inúmeras possibilidades e potencialidades dos livros de imagens para formação de pequenos leitores na educação infantil e leitores iniciantes, no 1º ano do Ciclo de Alfabetização. A fim de ampliar o repertório dos professores em relação ao conhecimento deste gênero literário e dos autores/ilustradores mais ou menos consagrados que se dedicam a essa vertente da literatura, selecionaram-se alguns títulos e autores a serem apresentados. Espera-se ampliar a compreensão dos participantes sobre a importância desse objeto cultural – livro de imagens – para a leitura visual pelas crianças da educação infantil e processo de alfabetização, uma vez a leitura de imagens possibilita a criatividade, a imaginação, a ampliação da oralidade e a criação de diferentes versões de uma mesma sequência narrativa.
6. Fractosferas ou de como fazer corpo com ecologias de práticas experimentais. Susana Dias e Sebastian Wiedemann (Unicamp)
Imaginamos este espaço de encontro como um portas abertas do laboratório-ateliê que levamos adiante entre o grupo de pesquisa-criação multiTÃO (Unicamp - Labjor) e o Orssarara Ateliê. Um abrir as portas para a cozinha de nossos processos de criação que na interseção de afetos advindos de práticas singulares da arte, ciência e filosofia, isto é, advindos de ecologias de práticas experimentais, apostam na emergência de novos modos e lógicas de pensamento que se instauram no plano do sensível, como aquele plano onde se faz corpo com o mundo e o cosmos. Esta proposição de re-existência ecoa com os imperativos que a atual crise socioambiental nos impõe. A imanência com o mundo, onde cada gesto é um ato de fazer corpo, é uma prática que engravida o mundo a partir de fabulações especulativas onde cenários outros são experimentados. Abrir plasticidades no e do pensamento, que sejam mais dignas da propensão dos movimentos do mundo, que sejam mais maleáveis as modulações e individuações do vivente.
7. (Des)escritura e cosmogonia: iniciação à literatura como pós ontologia - Marcelle Ferreira Louzada e Marcelo Ariel, Unicamp.
A oficina propõe um conjunto de práticas que irão possibilitar uma nova abordagem do fazer literário, em uma espécie de cosmogramática onde a língua se dobra sobre si mesma para criar mundos outros. Para tal, convida o participante-escritor à experiência da desescritura, que se trata de um processo que envolve o fenômeno literário em seus aspectos impessoais, onde o texto é visto como componente da própria vida, em suas expressões cosmogônicas e de um nomadismo psíquico-literário. Nesse percurso serão abordados diferentes autores que, de algum modo, desescreveram seus textos a partir de uma fenomenologia de si e do mundo, como Hakim Bey, Rimbaud, Clarice Lispector, João Guimarães Rosa, Carolina Maria de Jesus, Manoel de Barros e outros. Será abordado o vínculo entre a escrita e o corpo, o corpo e o cosmo, a poética e a metafísica como desenhos narrativos paradoxais e ontológicos dentro do fenômeno literário. .
8. Oficina de leitura, escrita e tecnologia para aprendizes surdos - Fernanda Beatriz Caricari de Morais e Lívia Buscacio INES - Instituto Nacional de Educação de Surdos.
Esta proposta consiste em apresentar a base metodológica e as estratégias da oficina ofertada para educandos surdos da educação básica e do ensino superior no INES. O objetivo é o ensino de língua portuguesa por meio do uso de meios digitais, proporcionando um aprendizado da língua escrita no momento da interação e do uso em redes sociais e ambientes virtuais, através da Libras. Através da circulação da LIBRAS e da língua portuguesa escrita no navegar das redes, buscaremos estabelecer reflexões de caráter metalinguístico da língua portuguesa escrita em LIBRAS. Deste modo, a oficina é ministrada em LIBRAS e em língua portuguesa escrita, isto é, a LIBRAS comparece como língua na qual são discutidas questões pertinentes aos ambientes virtuais e também onde são produzidos saberes metalinguísticos sobre a língua portuguesa. Trabalha-se o ensino da língua portuguesa escrita para surdos de forma a investir na criticidade sobre a sociedade e as redes virtuais e sobre as próprias línguas.
9. O leitor buscador e reflexões sobre experiências de leituras digitais - Angeli Rose do Nascimento - CEDERJ/UNIRIO - UFRJ.
O minicurso proporá reflexões iniciais sobre um perfil de leitor jovem, um “buscador”, explorando a interface entre os estudos em Pedagogia e Letras, construído a partir de aproximação feita entre as experiências de leitura de alguns jovens entrevistados, em pesquisa sobre literatura e ensino, e o perfil do mito literário de Don Juan, tendo como suporte teórico a teoria da leitura de Larrosa (1998) e o estudo do filósofo Soren Kierkegaard (1987) sobre o mito. Pretende-se levar o participante a reconhecer e a distinguir de modo sistematizado os perfis leitores que podem estar presentes no cotidiano escolar e na cibercultura (Levy,1999). O minicurso será desenvolvido em três breves módulos com objetivos específicos, a saber: a)identificar, por exposição, a teoria e categorias teóricas de análise para identificação de processos de subjetivação leitora; b)conhecer e comparar regimes de leitura em dois movimentos básicos, ler e ver, para objetos de leitura e aprendizagem diversos;c)conhecer e experimentar produções literárias digitais que se utilizam da intermedialidade para linguagens diversas.
10. O Cortiço e a cela - Elisande de Lourdes Quintino de Oliveira - Unicamp.
A perspectiva deste trabalho é perpassar pelos encontros proporcionados pelas oficinas de leitura realizadas na Penitenciária Feminina de Campinas, com as alunas que participam do “Projeto Ciranda da Leitura: Lendo para Libertar” com o livro “O Cortiço” de Aluízio de Azevedo. As oficinas nasceram das vivências com as pessoas em privação de liberdade, nos seus encontros com os livros e nas narrativas construídas, na emoção da descoberta, no acontecimento, pensando a realidade através de novos dispositivos. A captura das vivências com a literatura, nesses espaços, se faz atravessada pelo aprisionamento, pelo ser multifacetado, pelo sonho de liberdade e pelas urgências. A potência dos pensamentos, das ações, das reações das participantes é capturada pela perspectiva da cartografia multiplicando as formas de conexão, das linguagens, e formas de abordagens, ampliando a análise e as formas de participação.
11. Linhas, grafismo e leituras dissidentes: da relação natureza/cultura às marcas na história - Sheila Daniela Medeiros dos Santos e Leticia Medeiros dos Santos - Universidade Federal de Goiás - UFG.
Vigotski (1999), em “A Tragédia de Hamlet, Príncipe da Dinamarca”, ao preconizar o caráter diletante da concepção de crítica de leitor e ao pactuar nexos instigantes entre leitura e análise estética (inter)subjetiva, assevera que inexiste uma interpretação unívoca em uma obra de arte. Nesta linha de argumentação, uma obra de arte supostamente finalizada em sua forma permite eclodir infinitas leituras que coexistem de modo legítimo e lhe conferem abertura e movimento (Eco, 2013). Neste ínterim, uma obra de arte torna-se autônoma e realiza-se enquanto processo na participação do leitor. A partir destas proposições, o presente minicurso elege: o grafismo, com foco nas linhas que o compõem, como atividade teórico-prática a ser desenvolvida; e o contexto educacional, como cenário para problematizar e desvelar as leituras imagéticas que emergem de uma obra de arte e que transgridem paradigmas e lapsos de decifração, forjando o intraduzível.
12. Entre bancas de jornal, salões de beleza e a escola: as práticas cotidianas de leitura de adolescentes e mulheres na cidade de São Paulo - Patrícia Aparecida do Amparo - Faculdade Sumaré/ USP.
Este minicurso objetiva apresentar a lógica das práticas cotidianas de leitura de adolescentes e mulheres oriundos de grupos sociais populares da cidade de São Paulo, dando a ver inteligibilidades próprias da leitura marcadas por suas experiências. Os dados apresentados vêm de pesquisas realizadas em nível de mestrado e doutorado a partir da perspectiva teórica de Roger Chartier e Pierre Bourdieu, autores que enquadram a leitura como prática social que repõe, na forma de apropriações da cultura, modos de classificação do espaço social e de si. Realizamos entrevistas densas com estudantes de ensino médio e mulheres, além de coletarmos mais de mil depoimentos escritos em redes sociais sobre os hábitos literários femininos. Identificamos espaços de circulação, títulos e sentidos que configuram um universo literário dissonante quando se consideram instituições como a escola e academia. Assim, o minicurso pode interessar aos professores, aos pesquisadores e a outros profissionais que querem conhecer e investigar as práticas e sentidos dados à literatura hoje a partir dos usos e sentidos próprios ao cotidiano de jovens e mulheres.
13. A escrita com saberes, sabores e cheiros da autoria feminina negra - Selma Maria da Silva- FAETEC/Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro.
O objetivo é promover o encontro com a escrita de autoria feminina negra contemporânea brasileira. Destacaremos na escrita feminina negra as estratégias de escritura contrárias e distintas de quaisquer representações caricaturais e animalizações de mulheres negras. A linguagem autoral de mulheres negras brasileiras “anônimas ou não” buscam evidenciar a complexidade de suas existências sociais e políticas. Nas escritas temperadas pelo pertencimento étnico e de gênero questionam os paradigmas canônicos. O curso será divido em três etapas: no primeiro momento serão apresentadas a biografia e bibliografia das quatro autoras escolhidas para esta atividade – Geni Mariano Guimarães, Miriam Alves, Conceição Evaristo e Vilma Piedade; no segundo momento será proposto a leitura de trechos da seguintes obras - Da flor o afeto, da pedra o protesto (Guimarães, s/d), Enfim ...nós: Escritoras Negras Brasileiras Contemporâneas (Alves, 1995), Olhos d’água (Evaristo, 2016) e Doridade (Piedade, 2017); e por último uma leitura coletiva comentada dos trechos destacados.
14. Uma escuta sensível: a produção textual pela leitura das emoções e sentidos - Adriana Ofretorio de Oliveira Martin Martinez, Viviani Domingos Castro, Liliam Ricarte de Oliveira, Unicamp e Prefeitura Municipal de Campinas.
A aquisição da língua escrita vai além da decodificação simbólica e|ou sonora. Ela perpassa sentidos outros de constituição do sujeito leitor, como as emoções, as sensações e produção de sentidos. O presente minicurso constitui-se uma oportunidade de entrelaçar as sensações de ouvir, perceber, olhar, ou seja, a percepção relacional dos cinco sentidos humanos, em dinâmicas de percepção e criação verbal buscando a inserção do sujeito em um processo de criação textual seja ele poético ou não. Com isso, buscaremos dinâmicas de elaboração textual que estimulem vivências táteis, sonoras, sensitivas e motoras, balizados pelo referencial teórico-metodológico de uma atividade textual livre, com pressupostos nas ideias Frenetianas de criação linguística. Dividido em momentos específicos de experiência sensoriais, a criação do texto livre será um modo outro de entrelaçar estas vivências oportunizando ao autor-leitor, constituinte desse momento, ser produtor de uma escrita própria, explorando os diversos sentidos que um texto pode conter, seja ele vernáculo, sensório ou verbal.
15. Para além da sala escura - experimentações cinematográficas - Marina Mayumi Bartalini - Unicamp.
A existência de claridade desafia a exibição de produções audiovisuais, que instituídas dentro da lógica do cinema tradicional, dependem do contraste com a escuridão. Esta oficina visa a experimentação com imagens e sons através da criação de videoinstalações em locais onde há luminosidade. A videoinstalação propõe a interação entre imagens, sons, corpos e lugares, explicitando a universidade como lugar atravessado por trajetórias humanas e não-humanas que se constituem e negociam devires outros em cada uma delas. Durante a oficina usaremos nossas câmeras e inventaremos filmes a partir de dispositivos de criação para depois pensarmos em possibilidades de intervenção com imagens e sons no espaço público por meio de um projetor portátil.
RODAS DE CONVERSA
1.Identidades e resistências indígenas: currículos, leituras e escritas - Beatriz Sales da Silva - Superintendência Regional de Ensino de Poços de Caldas, MG - Jânio Ferreira do Nascimento - cacique da aldeia Xucuru-Kariri, Caldas, MG, Maria Cristina Macedo Alencar, Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA) e Marília Fernanda Pereira Leite, Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA)
A roda de conversa se dará em torno da educação indígena e suas relações com as identidades, resistências e diversidades linguísticas a partir de experiências de pesquisadores, professores e comunidades indígenas. Será debatida a importância de se ampliar as práticas de leituras nas línguas autóctones, seja no âmbito da sua inserção no ensino superior ou sua atuação nas escolas indígenas de todo o país. Também será proposto um debate a partir de um vídeo que é parte integrante da tese de doutoramento “Currículos e Identidades: tiroteio narrado ao som do maracá” (Faculdade de Educação - Unicamp) no contexto da Escola Estadual Indígena Xucuru Kariri Warcanã de Aruanã, Caldas, MG.
2. Das condições e possibilidades de vivência da arte literária na escola: uma discussão de princípios e práticas - Núbia Silva Guimarães, Daniele Pampanini Dias e Ana Luiza Bustamante Smolka - Faculdade de Educação - Unicamp
Considerando as diversas possibilidades e potencialidades provocadas pela arte em todas as dimensões do desenvolvimento humano, temos realizado estudos e pesquisas que colocam em evidência as contribuições da arte literária no trabalho escolar desde a educação infantil até as séries iniciais do ensino fundamental. Do nosso ponto de vista, o trabalho com a literatura se ancora na função mediadora da linguagem e do outro no desenvolvimento humano, e apontam para a significação como elemento articulador dos processos psíquicos. Neste sentido, a proposta desta Roda é provocar discussões sobre as condições e possibilidades da formação do sentido estético da criança na escola, buscando refletir sobre modos de apropriação deste signo cultural. O objetivo desta Roda é compartilhar e dialogar sobre experiências, estudos e pesquisas neste campo, discutindo o estatuto e o papel da leitura literária no desenvolvimento das pessoas, bem como os fundamentos e pressupostos que sustentam teorias e práticas.
3. Leitura, escrita e alfabetização: a pluralidade das práticas - Ilsa do Carmo Vieira Goular, Silvia Aparecida Santos de Carvalho e Maria das Dores Soares Maziero - UFL
Tomando como referência a centralidade das discussões sobre o trabalho docente e as práticas escolares, a roda de conversa tem por finalidade promover um espaço de diálogo com os autores que compõem a obra “Leitura, Escrita e Alfabetização: a pluralidade das práticas”. A obra teve por objetivo aproximar diferentes textos produzidos por pesquisadores de campos ligados à leitura, escrita e alfabetização, a partir de uma reflexão temática que tecerá uma rede de diálogos em que se procurou destacar ideias constituídas a partir de perspectivas teóricas que orientam uma reflexão sobre o cotidiano das práticas escolares relacionadas às questões da escrita e da leitura, considerando a pluralidade e a complexidade destes campos. Contemporaneamente, à preocupação com as questões ligadas à escrita, à leitura e ao próprio processo de alfabetização, somam-se outras referentes à formação literária do leitor, à formação dos professores alfabetizadores e, também, à formação mais ampla e geral dos leitores, processo que agora sabemos não se restringir apenas ao âmbito das ações da escola.
4. Programa Nacional Biblioteca da Escola: uma visão crítica - Claudia Leite Brandão e Maria Marismene Gonzaga Unesp - Presidente Prudente e SEDUC-MT
A questão que dá origem a esta roda de conversa é a democratização do acesso aos bens culturais, pois a prática de leitura sempre foi vista como privilégio para muitos/as brasileiros/as. Nesta direção, sabemos que o Ministério da Educação, desde 1930, tem desenvolvido ações para minimizar a precariedade da oferta de livros para alunos/as das escolas públicas. Assim, o nosso interesse passa a ser sobre o Programa Nacional Biblioteca da Escola (1997- 2017), que se constituiu como a última ação governamental no processo de aquisição e distribuição de livros literários para as instituições escolares. Diante disso, partimos de alguns questionamentos: Quais foram os avanços e/ou retrocessos do Programa Nacional Biblioteca da Escola ? Como foi o seu funcionamento durante o seu período de vigência? O Programa realmente foi extinto? agora, Nesse momento atual, qual a proposta do governo? A partir dessas questões, temos como objetivo refletir sobre o Programa Nacional Biblioteca da Escola, partindo do contexto de oferta e acesso ao livro e à leitura. Para isso, será tematizado a trajetória do Programa no período de sua vigência (1997 – 2017), por meio da análise de documentos e pesquisas científicas e acadêmicas. Certamente, o debate proporcionará a problematização dos rumos das políticas de distribuição de livros literários para as escolas públicas.
5. Correio Popular - Correio Escola - Correio Multimídia - Cecília Pavani - Ezequiel Theodoro da Silva, Faculdade de Educação da Unicamp; Angela Junquer, Rede Estadual de Ensino. Elizena Cortez, Rede Estadual de Ensino, Fabiano Ormaneze, Unicamp e Marcelo Pereira, editor do Correio Popular.
Cecília Pavani abriu os caminhos para a integração do jornal e do ensino em escolas, principalmente as públicas, primeira iniciativa do tipo em todo o Estado de São Paulo. As frentes de trabalho se dividiam na formação continuada dos professores, como forma de colocar o profissional como peça principal da engrenagem do processo de aprendizagem, e o incentivo à leitura por parte dos alunos. Com as crianças e adolescentes, o objetivo era de introduzir o hábito de se informar diariamente, manusear o jornal, conhecer as editorias, participar de debates e se posicionar sobre os acontecimentos da cidade, do Brasil e do mundo. Esta roda de conversa tem por objetivo apresentar e aprofundar depoimentos sobre a trajetória de trabalho da professora Cecília Pavani em direção ao uso do jornal e outras mídias nas escolas brasileiras. Serão tecidas considerações a respeito dos livros, projetos e intervenções que marcaram a presença dessa educadora em prol da democratização da leitura e da melhoria os processos de formação de leitores. Destaque para as produções da sua equipe e para as parcerias feitas com a Associação de Leitura do Brasil: programas, eventos e lutas em comum.
6. Leitura e escritura da própria experiência: processos dissonantes na formação docente - Mairce da Silva Araujo, UERJ/FFP,Jacqueline de Fátima dos Santos Morais e Ines Ferreira de Souza Bragança, Unicamp
Vinculados ao Núcleo Vozes da Educação, o Grupo de Pesquisa Alfabetização, Leitura e Escrita (Gpale) e o Grupo de Pesquisa Alfabetização, Memória e Formação de Professores (Almef), localizados na Faculdade de Formação de Professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (FFP-UERJ) e o Grupo de Pesquisa-Formação Polifonia, com dupla localização – na instituição citada e na Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas – vêm buscando mobilizar memórias, histórias e saberes produzidos no cotidiano escolar por professores, professoras, estudantes e profissionais da educação. Nesse caminho de ensinar-aprender-pesquisar-formar, afirmamos sentidos de uma epistemologia outra, assentada no diálogo, em projetos emancipatórios de sociedade e de escola e na importância da escrita da experiência docente e suas formas de socialização. Nossa Roda de Conversa se propõe a discutir com o coletivo de professoras participantes desta atividade, a narrativa, como expressão da existência humana, implicando em reflexão singular-plural, em parar o ritmo cronológico e se permitir voltar sobre si mesmo, fortalecendo os fios que, em cada ciclo de nossa vida, dão sentido à existência.
7. BNCC e a Política Nacional para Alfabetização: leituras dissonantes possíveis? Luciene de Carvalho Mendes - UNESPAR/PR, Lygia Almeida Vecina e Adriana Telles Brito - Universidade de Sorocaba- UNISO e Rita de Cássia Prazeres Frangella e Débora Raquel Alves Barreiros - Uerj
Em meio às políticas educacionais instituídas nas últimas décadas, destacamos aquelas voltadas à alfabetização, em especial a Política Nacional de Alfabetização, recentemente anunciada pelo MEC e congrega a Base Nacional Comum Curricular - BNCC, a Avaliação Nacional da Alfabetização – ANA e o Pacto Nacional pela Idade Certa – PNAIC, que dentre as ideia em torno da qual se estrutura, recorre ao ciclo de alfabetização e à noção de letramento como princípio articulador das práticas alfabetizadoras. A adoção da Política Nacional de Alfabetização nos faz argumentar que desdobramentos das políticas de avaliação em larga escala aumentam as estratégias por um currículo único e definidor das práticas pedagógicas, assim como a responsabilização dos professores pelos resultados do trabalho escolar. Assim perguntamos: nessa tensão, leituras dissonantes são possíveis? Nesse sentido, propomos o debate acerca dos limites, tensões e possibilidades de subverter estratégias que tentam conter os movimentos de produção de significação das práticas de alfabetização. Temos como objetivo tecer reflexões que analisem os desdobramentos de uma política de avaliação a partir da responsabilização do docente e da reforma curricular, que infere sobre a concepção de sujeito prevista na ANA, assim como o movimento de desconstrução que envolve a tradução de políticas educacionais no âmbito da escola. O objetivo dessa roda de conversa também é tornar barulho tudo o que está ao alcance do juízo, seja de valor moral, valor real, valor imaginário, desde que irrigue de humano e social as pretensões curriculares propostas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC) à educação básica brasileira. Diante dessa realidade de exclusão e descaracterização da educação infantil, existem práticas e mecanismos de resistência para aprendizagens outras?
8. Memória do silêncio, arte e literatura no contexto da surdez Lívia Letícia Belmiro Buscácio, Instituto Nacional de Educação de Surdos, Maria Lúcia Vignoli Rodrigues de Moraes, Alessandra Gomes da Silva, PUC-RIO/INES, Roberta Silva V. Aguilera Albuquerque, Fundação Rui Barbosa
O ensino de literatura, sobretudo, na Educação Básica, tem enfrentado inúmeros desafios. Convidamos profissionais de diferentes áreas para uma reflexão conjunta acerca dos deslocamentos produzidos pelas artes para a compreensão da surdez e alternativas para abordagens didáticas mais produtivas com esses sujeitos. Ler, contar, escrever histórias entre línguas e linguagens a proposta da roda de conversa consiste em semear práticas interdisciplinares de leitura e escrita em artes e língua portuguesa, através da Libras. É possível ler um pouco do processo de escritura e reescritura nos livros, no qual a Libras media o saber sobre a Língua portuguesa e a expressão plástica costura as línguas. A travessia da escrita pelo surdo norteará alguns debates da roda de conversa. A proposta também é ampliar diálogos sobre visões de surdez em diferentes espaços/tempos históricos e a vinculação desses sujeitos em estudos ligados à diferença. É preciso aprender a ler esta diversidade e superar os obstáculos que impedem a compreensão de histórias muitas vezes tornadas invisíveis como a dos surdos. É preciso, portanto, aprender a ouvir essas vozes que vêm dos olhos e das mãos, as vozes do silêncio.
9. Oralidades afro-brasileiras e africanas e (in)visibilidades dos negros Eliane Gonçalves da Costa e Rita de Cássia Cristofoleti - Universidade Federal do Espírito Santo, Jussara Cassiano Nascimento, UERJ/Colégio Brigadeiro Newton Braga e Cleonilda Maria Camargo de Abreu
A roda de conversa toma a palavra como experiência. Busca aprofundar discussões acerca das particularidades das artes e das literaturas africanas de língua portuguesa em diálogo com os universos simbólicos trabalhados pela/na Literatura Africana e Afro-brasileira. A proposta é criar outras representações sobre o continente africano, suas histórias e sua cultura, estabelecendo um elo entre as histórias afro-brasileiras e ameríndias. Trataremos da importância da leitura contextualizada e da representação positivada de histórias africanas e afro-brasileiras.. Na relação com o projeto Saravá a roda de conversa também se insere em um contexto maior de lutas pela igualdade de direitos independente da cor, raça ou etnia do sujeito. Desta forma, a roda de conversa buscará dinamizar práticas e discussões sobre essa (in)visibilidade do negro nos diversos espaços sociais. Os negros durante muitos anos sofrem discriminações de todos os modos e hoje essas ações discriminatórias ainda se processam ainda que de forma velada. O objetivo é pensar outras formas de pensar, conhecer e refletir sobre diversidade e diferenças.
10. O ethos das poetas das ruas – um grito de asfalto e úteros - Michele dos Santos Souza e Janaína Maria Nanci Moitinho
Esta roda de conversa visa debater a recente construção de um ethos inerente às jovens poetas vindas da cena cultural dos slams e saraus, movimentos prioritariamente independentes e periféricos que vêm crescendo no país. As construções artísticas deste cenário trazem como marca principal uma produção de discurso combativo, centrada na oralidade e pautada em um mercado editorial à margem, e vem (re)definindo preceitos éticos, estéticos e de gênero dentro do universo poético. A partir de dados e textos de mulheres atuantes nesta cena, convidamos o público interessado à reflexão conjunta e à escuta desses gritos de asfalto e úteros.
11. Vozes ou silêncios de mulheres e crianças no vazio da violação do direito - Vanderlete Pereira da Silva, Unicamp
A proposta desta roda de conversa é colocar em processo de escuta a situação da mulher e das crianças de 0 a 3 anos na Amazônia com relação ao direito à creche, primeira etapa da Educação Básica no Brasil. Temos continuamente tratado de forma homogeneizada a exclusão das crianças ao direito da creche, sem, no entanto, refletirmos sobre se de fato o que observamos condiz com o pensamento das mulheres que habitam a região, considerando que grande parte destas possuem traços identitários da cultura indígena, com noções de trabalho e organização parentais bem distintas de uma sociedade marcada pelos ideais colonizadores. Assim, buscamos ouvir outras vozes que talvez destoem daquelas que nos habituamos a ouvir, na perspectiva de descolonizar nossos ouvidos e captar sons que possam eclodir do mais profundo silêncio e nos apontar caminhos para compreender a não reivindicação ao direito das crianças à creche.
12. COLE: sua história e impacto na construção das políticas curriculares e formação de leitores no Brasil - Geniana dos Santos - UERJ
Este trabalho apresenta a história do COLE evidenciando seu impacto para as Políticas Curriculares e de Leitura. Objetiva explicitar as demandas por formação de leitores em espaços de escolarização formal. Para tal, foram levantados dados históricos acerca do evento a partir de quatro fontes: site da ALB, Quinaglia (2006), Magnani (2009) e Oliveira (2015). Neste exercício, foram analisadas as imagens que circularam no evento de forma a condensar/metaforizar sentidos relacionados a leitor e leitura. Este estudo faz parte de um trabalho mais amplo, desenvolvido no contexto do curso de Doutorado em Educação, linha de pesquisa: “Currículo: sujeitos, conhecimento e cultura”, do Programa de Pós-Graduação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, UERJ. Para o exercício interpretativo das imagens, o trabalho se ancora na perspectiva semiótica para análise de imagens paradas, conforme Penn (2002). Como resultado foi possível evidenciar a potente construção de sentidos por mais de três décadas, viabilizada pelo contexto do COLE, algo que ainda é pouco reconhecido pelas comunidades epistêmicas. Além disso, também foi possível destacar que as demandas por formação de tipos específicos de leitores no decorrer da história do COLE oportunizaram (e ainda oportunizam) a construção de um espaço potencialmente crítico para as Políticas Curriculares e para a Formação de Leitores.
13. O bebê e a literatura - a bebeteca na instituição de educação infantil Fabiola Machado da Rosa, Unicamp; Silvia Maria Gasparini Rodrigues, Universidade São Francisco, Cecília Alejandra Rodriguez Parra da Silva
Dentre as diversas linguagens, quais as possibilidades de lançar mão à literatura na vivência com bebês e crianças pequeninas? Qual a diferença entre o livro enquanto brinquedo e o livro de literatura? Nas descobertas de signos e significados, tão rica nessa fase da vida, qual a contribuição do livro? Mas eles são tão pequenos.... será que entendem alguma coisa? Essas e outras questões nos movem a dialogar com os participantes deste 21º COLE, ansiosas de aprendizagens e construção conjunta de conhecimentos sobre os bebês, as crianças pequenas e a literatura, em especial nas instituições de educação infantil (mas não só nelas!). Pretendemos compartilhar a experiência que estamos tendo na montagem de uma bebeteca no CECI (Centro de Convivência Infantil) DEdIC-UNICAMP, conhecer outras iniciativas com a literatura e dialogar sobre suas potencialidades.
14. Modos de ver e pensar a literatura na contemporaneiadade - Erica Bastos da Silva - Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
A roda de conversa proposta para o 21º COLE- Leituras dissonantes visa apresentar, discutir e construir novos modos de ler e enxergar a leitura literária, considerando a literatura como direito humano e levando em conta as especificidades e subjetividades dos sujeitos. Falar de literatura na contemporaneidade exige entender o contexto histórico que se inscreve essa discussão. Conforme Zilberman (2005), no final do século XIX, o surgimento dos primeiros livros infantis veio para atender às solicitações, indiretamente formuladas, de um determinado grupo social emergente, que trazia embutido nos livros um padrão de beleza e moral a ser seguido. Apesar de não negar a importância de se ler a chamada literatura clássica, entende-se a necessidade de problematizá-las, de modo a contribuir para uma formação crítica no uso dessas leituras, já que é inegável a necessidade que elementos da cultura africana, afro-brasileira, rural, indígena, das relações de gênero e de nossa diversidade cultural estejam presentes na literatura. Acredita-se que a proposta em questão auxiliará nas discussões que valorizem a literatura num sentido mais amplo, como o defendido por Candido (2011), que a vê como um direito humano, uma necessidade universal, uma manifestação de todos os homens, em todos os tempos, em todos os níveis sociais. Assim, considera-se relevante que a leitura literária apresente discussões com vistas a repensar a formação de leitores, de modo que estes se reconheçam nos textos lidos e que reflitam e problematizem sobre os textos literários que são difundidos nos mais diversos espaços.